Um queijo de leite de búfala produzido artesanalmente no Marajó acaba de ser escolhido um dos melhores queijos do planeta num concurso promovido por um dos berços mundiais do queijo. Esse foi o feito inédito obtido pelo casal Marcus e Cecília Pinheiro, proprietários da Fazenda São Victor, localizada no município marajoara de Salvaterra.
O queijo produzido na fazenda conquistou a categoria “Silver” (medalha de prata) na 4ª Edição do “Mondial du Fromage et des Produits Laitiers”, evento mundial promovido na França para os melhores produtores de queijo do planeta. É a primeira vez que o laticínio artesanal de búfala, da região Norte do Brasil participa de um concurso a nível mundial voltado aos melhores produtores de queijos.
Nesse concurso participam 20 países, sendo que este ano foram apresentados 952 produtos lácteos (inclusive 58 queijos brasileiros premiados) que foram votados por 135 juízes especializados. A propriedade do casal tem quase dois séculos de existência, mas a produção de laticínios é relativamente nova e teve início há 19 anos. Atualmente o empreendimento produz de 70 a 80 quilos de queijo tipo creme diariamente a partir da produção de 300 búfalos.
Marcus Pinheiro, que é formado em agrobusiness nos Estados Unidos, explica que o queijo do Marajó da Fazenda São Victor é produzido de forma simples, preservando a qualidade e os benefícios de uma alimentação saudável, uma vez que não tem conservantes, e com 100% de leite de búfala, fatores que justificam a qualidade deste produto.
A produção do queijo inicia geralmente no dia anterior, através da filtragem e desnate do leite, sendo utilizados em média sete litros de leite de búfala para fabricação de um quilo de queijo do Marajó. Em seguida, ele é levado para um tanque no qual fermentará espontaneamente. Horas depois é efetuado o corte da coalhada e eliminação do soro. “A etapa seguinte, que pode se repetir até quatro vezes, é a retirada da acidez e, nessa fase, é preciso acrescentar leite à massa, que posteriormente será aquecida e espremida. Nesse estágio, o queijo adquire consistência e é realçado na cor branco”, explica Marcus.
Fases
Cecília garante que as fases finais do processo de produção são cruciais para garantir a qualidade e sabor do queijo. “Algumas etapas são efetuadas até que, na fase final, é aplicado o resfriamento para, posteriormente, a moagem da massa, que é aquecida de novo e com o uso de uma colher é agitada até a fusão atingir a consistência desejada. Na sequência, enformamos em recipientes próprios e embalamos à vácuo”, complementa.
Diferencial
Segundo Cecília, entre outros fatores, o grande diferencial para este prêmio foi o mestre queijeiro Luís Leal, que aprendeu a profissão com o pai e se mantém na atividade até hoje. A receita tradicional de mais de 200 anos é passada através de gerações.
Em novembro de 2018 a queijaria também foi contemplada com o “Super Ouro” na quarta edição do Prêmio Queijo Brasil, que aconteceu no Memorial da América Latina, em São Paulo. Foram quase 500 queijos artesanais de todo o Brasil avaliados por 24 jurados durante dois dias.
Marcus enfatiza que o acontecimento é importante para a trajetória de toda a equipe envolvida. “Uma história de inovação, conquista e superação nos trouxe até aqui. Para nós, este reconhecimento é, acima de tudo, o resultado, da dedicação dos nossos colaboradores de um modo geral”.
Saiba mais!
A queijaria da Fazenda São Victor foi escolhida como destaque na premiação da Revista Agropará do ano passado na categoria Bubalinocultura. Foi criada em 2006 por meio do Projeto Desenvolvimento da Cadeia Produtiva do Queijo do Marajó e conquistou certificado de qualidade artesanal do produto. Detentora do selo 013 no segmento de produto artesanal no Pará, com a produção do Queijo Marajó Tipo Creme, conquistou premiações expressivas no gênero alimentício, entre elas o primeiro lugar no XII Encontro Nacional de Criadores de Búfalos e II Marajó Búfalos, tendo o reconhecimento na maior premiação de queijos artesanais, “Medalha de Bronze”, no III Prêmio Queijo do Brasil em São Paulo.
Benefícios e peculiaridades do queijo de búfala
O leite de búfala tem 59% a mais de cálcio que o leite de vaca, alto teor de proteína (10% mais proteína do que o leite derivado de vaca).
Vitaminas A e C também são encontradas em quantidades significativas.
Tem em média 8% de gordura e 30% a menos de colesterol.
Contém potássio, que é um bom vasodilatador e pode ajudar a baixar a pressão arterial e prevenir o desenvolvimento de aterosclerose e outras complicações coronárias.
Outra comprovação favorável do leite de búfala é a indicação do dobro da quantidade de CLA (Ácido Linoleico Conjugado) - substância anticancerígena.
Da: Redação
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