O grupo Equatorial, que já controla a Centrais
Elétricas do Maranhão, está cada vez mais perto de assumir a Celpa, a empresa
responsável pela distribuição de energia no Pará e que está sob regime de
recuperação judicial. Uma fase importante do processo está marcada para o
próximo sábado, 1º de setembro, quando o plano de recuperação da empresa será
apresentado aos credores, durante encontro em Belém. O plano já foi registrado
na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) e protocolado na 13ª Vara Civil da
Capital, onde tramita o processo de recuperação judicial da empresa. O futuro
da Celpa está agora nas mãos dos 1.500 credores. A dívida da empresa, sem
contar os impostos, é de R$ 3,4 bilhões. O plano de recuperação prevê que o
grupo Equatorial assuma a Celpa pelo valor simbólico de R$ 1 e, em seguida,
faça um aporte de capital de R$ 700 milhões. Esse é o valor necessário para pagamento
de impostos, investimentos emergenciais e capital de giro. O plano propõe que a
dívida de R$ 3,4 bilhões seja divida em duas partes. A fatia referente a
fornecedores e prestadores de serviços seria parcelada em 60 meses, segundo
proposta do grupo Equatorial. Já a parte financeira - dívida com bancos - terá
outro sistema de negociação. As condições nesse caso são: deságio (desconto)
entre 40% e 50%; carência de cinco anos e prazo para pagar de até dez anos. O
administrador judicial da Celpa, Mauro Santos está otimista. Segundo ele, a
tendência é de que a proposta seja aceita. “Deve haver um chororô, mas não há
muita opção. É isso ou a falência e, nesse caso, os credores ficam sem nada.
Melhor ficar com a metade”. O déficit operacional da Celpa hoje é de R$ 70
milhões mensais e mesmo os mais otimistas apostam que sem o aporte da capital,
a empresa não resistiria até o final deste ano. Só de impostos, a Celpa deve
cerca de R$ 500 milhões, sendo R$ 400 milhões com o governo do Estado,
referentes ao ICMS e o restante referentes a impostos federais como PIS e
COFINS. O futuro da Celpa agora está principalmente nas mãos dos credores. Uma
vez que as condições de pagamento propostas no plano de recuperação sejam
aceitas, o caso ainda será analisado pela Agência Nacional de Energia Elétrica
(Aneel) e pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). A previsão é
de que até meados de outubro, o processo esteja concluído, com o Equatorial
assumindo a empresa e afastando o risco de falência. O governo federal tem
interesse na negociação porque a falência da Celpa poderia levar a crise para
além das divisas do Pará. Isso porque o grupo controlador da Celpa também é
responsável por outras três concessionárias
(Tocantins, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul), além de ter participação em
outras empresas do setor. Uma etapa mais tranquila
do processo deve acontecer amanhã, quando a Aneel vai analisar o plano de
transição técnica, também apresentado pelo Equatorial. O plano prevê tempo de
carência para que a nova administração atenda ao cumprimento de metas para
investimentos e melhoria dos serviços. Atualmente a Celpa tem desembolsado
cerca de R$ 100 milhões por ano com o pagamento de multas pelo não cumprimento
das metas de atendimento previstas no contrato de concessão. A expectativa é de
que o plano técnico seja aprovado sem sobressaltos.
Da Redação: SBC Brasil – Jornalista
Credenciado: Dailton Palheta.
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